21/12/2020 17:18:16
Arapiraca
Arapiraca celebra os 130 anos de Manoel Leão, o pioneiro do cinema na cidade  
Em 2020, a Capital do Agreste comemora os 130 anos de nascimento de Manoel Leão da Silva e os 80 anos do surgimento do primeiro cinema de Arapiraca
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 Há exatos 130 anos nascia Manoel Leão da Silva, na antiga Avenida Norte, atual Avenida Miguel Correia de Amorim, no bairro Baixão. Filho do casal Pedro Leão da Silva e Benvinda Ventura Leão, era um dos dez filhos do casal.  

E há exatos 80 anos, Manoel Leão da Silva, fundava o cinema em um antigo armazém de estoque de compra e venda de fumo, farinha e algodão, transformando-o no Cine Leão, o primeiro cinema de Arapiraca. 

Hoje, o prédio abriga o Banco Bradesco, na Praça Deputado José Marques da Silva, no centro da cidade. 
É um orgulho incomensurável, eu que sou um de seus netos, poder contar um pouco dessa história tão importante para o desenvolvimento da história da arte em minha amada terra Arapiraca. 

O Pioneiro 

Manoel Leão da Silva nasceu no dia 05 de Janeiro de 1890, ( deixou esta terra no dia 12 de dezembro de 1954, ficou um vazio infindável, preenchido pela honradez de uma história, vivida e pensada a esta sua Arapiraca, este homem simples e inteligente, é orgulho de seus descendentes ). 

 Filho de Pedro Leão da Silva e Benvinda Ventura Leão, ambos das Raízes de Arapiraca. Pedro Leão, filho de Antônia Maria de Jesus e Bernardino José dos Santos, neto de Manoel Cupertino de Albuquerque e Francisca Maria das chagas, ela irmã de Manoel André Correia dos Santos, fundador de Arapiraca, o casal foi um dos primeiros povoadores do Sítio Baixão, em 1859. 

Oriundos de Limoeiro de Anadia, tiveram um prole numerosa, sendo que antes já tinham sido casados e ficaram viúvos, e um dos seus filhos, Manoel Nunes de Albuquerque, foi o fundador do bairro Caititus, e outro filho foi Mauricio Pereira de Albuquerque, fundador do Sítio Capiatã, e os demais casaram e constituíram uma das maiores famílias do Baixão. 

Manoel Leão da Silva, um homem acima de seu tempo. Trabalhou a terra e para sua terra. Apesar de pouco estudo, tinha visão aguçada para o comércio, a arte, à cultura... Sempre com o pensamento na coletividade arapiraquense, mesmo antes de emancipada politicamente, já usavam seu caminhão Ford para o transporte de cargas ao pequeno comércio local. 

Já a partir de 1922, compra um caminhão Ford, 1919, e ajudou muito, pois Arapiraca, por muitas décadas, o principal meio de transporte de cargas eram as mulas e os jumentos.. 

Em 1925, ele compra outro caminhão. Saía pelas ruas estreitas de Arapiraca com alguns trabalhadores pagos por ele, munidos de foices, machados e outros instrumentos para o alargamento de ruas e veredas, e assim a cidade ia ganhando avenidas e ruas alargadas. 
Fez fortuna na produção de farinha e fumo 

Seu pai Pedro Leão da Silva foi presidente do Conselho dos Membros da Junta Governativa, que em 1925 empossaram o primeiro prefeito de Arapiraca: Esperidião Rodrigues e o vice prefeito José Zeferino Magalhães. 
 

A Água 

Um dos grandes problemas de Arapiraca era a falta de água, e isto deixava Manoel Leão meio inquieto, e o pensamento na coletividade fez com que ele, em 1932, mandasse cavar uma cacimba de 150 palmos ainda ativa na Praça Marques, em frente ao prédio do Cine Leão, hoje Banco do Bradesco, onde muita gente ia buscar água.  
Na década de 1940, foi cavada uma outra cacimba em sua propriedade, no Sítio Massaranduba, onde a população do sítio e região se servia daquela água. Foi cavada outra cacimba, no Sítio Capiatã, por trás da igreja Santa de Jesus.  

Na década de 1940, e a população se servia das águas que ainda brotam daquela fonte, hoje Bairro Brasiliana. 

Ele chegou a pensar em fabricar canos de argila para trazer água do Rio São Francisco até Arapiraca. 
 
O Cine Leão 

Em 1940, Arapiraca ganha um cinema, em salão antigo, outrora depósito de farinha e fumo. Homem de visão pioneira, é adaptado e transformado em um cinema, que até 1952 foi a maior casa de espetáculo da cidade, perdendo um pouco sua majestosa influência devido à inauguração do Cine Trianon, que quase em frente ao Cine Leão, na Praça Marques. 

Com uma arquitetura moderna, o Cine Leão atraiu o público, que passou a chamar a partir dali pejorativamente de "Poeirinha". 
As noites das décadas de 1940 eram iluminadas pela tela, projetando os filmes de cowboys, românticos, épocas e séries encantavam o público. Foi um acontecimento que tirou do passado o marasmo de uma época em que só as bodegas, as missas, a reza do terço nas noites preenchiam o vazio de uma cidade que nasceu transpirando grandezas! 

Com a instalação do cinema, foi preciso contratar um técnico em som, e em 1944 chega em Arapiraca José Gondin, técnico de som, que instalou no cinema bocas de som, amplificadores que anunciavam as atrações e tocavam músicas que encantavam público e os corações apaixonados.  

Com a chegada desse técnico, dá - se o início da história do rádio em nossa cidade. 

No dia 16 de dezembro de 1954, em cruzamento da linha férrea da Rua Expedicionários Brasileiros, Manoel Leão que vinha em seu motor, que apagou o fogo, justamente sobre os trilhos, ele que tinha um problema na audição, não ouviu quando o trem de longe vinha buzinando, e algumas pessoas também gritaram, mas não deu tempo: morreu atropelado, deixando um imenso vazio, um dos maiores vultos da cultura e do empreendedorismo que visava o bem comum, dos filhos e filhas, nativos ou não, da terra de Manoel André. 

Manoel Leão da Silva, um visionário de vanguarda, um dos maiores arapiraquenses de todos os tempos. José Sandro da Silva, filho de Lourival Leão, que é filho de Manoel Leão da Silva, que ficou órfão de pai aos nove anos. Sou um de seus netos. 

 

 

Redação com José Sandro da Silva - Historiador 

 

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